Resolvi falar desta revista porque ela foi relançada no Brasil formato deluxe contendo capa dura e book de esboços no final, ou seja, uma edição de colecionador mesmo. O que a torna ainda mais atraente é o preço justo que esta sendo cobrado pela revista, R$19,00. O outro motivo óbvio, pra quem me conhece, é ver uma versão (digna) em quadrinhos de um personagem negro, ou melhor, do maior pugilista da história do boxe mundial Muhammad Ali. O que engrandece muito a edição e mostra o respeito do povo americano por Ali e vê-lo tendo um embate direto com Superman, afinal de contas, mesmo eu não gostando do filho de Jor-El, entendo a sua importância e sei que ele é herói mais famoso do planeta e talvez o mais querido no mundo dos quadrinhos.
A história do quadrinho é muito simples, alienígenas guerreiros de outras galáxias, vem a terra desafiar Superman por temer os possíveis estragos que o super-humano pode causar à galáxia caso queira ataca-la, meio paranoico isso, não? Porém ao chegarem à Terra, no maior clichê do mundo, Superman (Clark Kent), Jimmy Olsen e Louis Laine estão juntos com o herói negro, Muhammad Ali, que estava jogando basquete com crianças e dando uma entrevista para o Daily Planet. Os alienígenas dizem conhecer a força dos dois e dizem que ambos devem decidir qual dos dois enfrentará o seu maior guerreiro, Hun’Ya, caso contrário a terra será destruída pela frota estelar que está estrategicamente posicionada em frente ao planeta Terra. Então os heróis se enfrentam em um duelo épico, que encadeará em uma série de situações e aventuras, deixando a HQ com um clima de aventura maravilhoso.
Os pontos negativos são os excessos de clichês, tanto no roteiro quanto nos diálogos. Em alguns momentos são tantos clichês que se seguem repetidamente que chega a ficar cansativa a leitura, porém acho natural que algumas paginas de qualquer leitura sejam assim. Também devemos nos lembrar que a HQ é da década de 70 e naquela época o que chamamos hoje de clichê, era a forma natural de se criar e escrever as histórias, então apenas se delicie. Os roteiristas Dennis O'Neil e Neal Adams, fizeram questão de exagerar nos detalhes, especialmente os de Muhammad Ali, deixando a história muito viva e “realista”.
Se há pontos negativos, também existem dezenas de pontos positivos e com certeza um deles é poder ver uma personalidade negra sendo exaltada, respeitada e colocada em pé de igualdade (física e intelectualmente) a uma personalidade americana (mesmo o Supermam sendo um personagem de quadrinho), pois é de conhecimento comum que os EUA são uma nação abertamente racista e preconceituosa. Pode parecer mentira, mas Muhammad Ali não foi desenhado ou descrito com estereótipos “bestializados” ou inumanos como normalmente os negros são colocados nas HQ’s. A história do pugilista foi respeitada de forma louvável. Muitas de suas lutas foram citadas, inclusive as memoráveis dele contra Joe Frazier e George Foreman. Outra coisa maravilhosa é ver Muhammad Ali porrando alienígenas (inclusive Superman) sem a menor piedade. E por fim, ver Kal-El (Superman) reverenciando e chamando Muhammad Ali de “Champ” (Campeão), é um prazer inigualável ao fãs de boxe.
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