Oi gente!
Hoje tem mais um daqueles posts bem pessoais para vocês. Acho que uma coisa legal de falar sobre coisas do seu cotidiano é que, muitas vezes, além de desabafar e mostrar a si mesmo para as pessoas que vão ler, você pode até ajudar a pessoas que pensam em fazer ou investir em coisas das quais você já conhece um pouquinho o caminho das pedras. Espero que isto aconteça. Se uma pessoa se beneficia daquilo que você tenta construir, você não pode desejar nada mais!
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Todo geek é curioso, quer saber tudo sobre tecnologia, como funciona, o que esperar para os próximos anos, como nosso público bem sabe e vivencia. Pesquisadores (doutorandos, no meu caso) vivem guiados pela curiosidade, uma vez que o grande objetivo de suas vidas é responder a questões sobre problemas que afetam a nossa sociedade.
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Mas parando de enrolar e indo direto ao ponto do post: Estudar fora do Brasil. Muitas pessoas têm a oportunidade de fazer um pedaço do ensino médio em outro país. Eu não fiz isto, mas as pessoas que conheço me disseram que é uma ótima oportunidade para conhecer pessoas novas, amadurecer pessoalmente, e entender, acima de tudo, como é complicado se comportar de forma diferente daquela com a qual está acostumado por toda a sua vida.
Outras pessoas vão estudar parte ou toda a faculdade no exterior. Têm contato com o idioma diferente, em um momento especialmente difícil das nossas vidas: a construção da nossa identidade profissional - o momento em que o "o que você vai ser quando crescer" sai do horizonte e te empurra para o mundo real. Não deve ser nada fácil.
No meu caso, a experiência de vir para fora foi mais tarde do que isto - eu vim com 24 anos, durante o meu doutorado.
Doutorado, como vocês já leram no post anterior, é o curso que você faz para alcançar o título de Doutor, que significa que você é um pesquisador científico, ou seja, um cientista. Sim, é aquilo que os meninos fazem no Big Bang Theory (-.-)... E no doutorado, muitas pessoas fazem o que a gente chama de doutorado sanduíche, que é desenvolver o começo e o final da sua pesquisa no seu país (representando as fatias do pãozinho), e outra parte relevante em outro país (o recheio do sanduíche).
Para isto, você tem que ter disponibilidade para morar fora por um período de tempo, que pode variar de 3 meses a um ano inteiro. No meu caso, ficarei por aqui, na terra do tio Sam, por 11 meses.
A minha pesquisa, resumidamente falando, trata-se de exportar uma metodologia de tratamento que tem se demonstrado eficaz aqui nos EUA para o Brasil. Então, o meu objetivo, ao vir para cá, foi aprender tudo o que eu posso sobre essa metodologia, para ensinar as pessoas interessadas nela no Brasil a aplicá-la nos centros de tratamento a usuários de álcool e drogas.
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#1 - Aprovação da instituição no exterior e procedimentos na sua instituição
Primeiramente, procure a sua instituição de ensino para saber como deve ser feito o procedimento no seu local. Na USP, instituição onde estudo, as coisas são bem burocráticas e podem ser, muitas vezes, desanimadoras. Então, falo nomamente: Antecedência. Procure o responsável na sua instituição acerca de assuntos de intercâmbio e estudos no exterior.
Você vai ter que fazer contato com a universidade/escola aqui nos EUA, convencê-los a aceitá-lo por um período de tempo. Você pode usar contatos pessoais para conseguir essa aprovação: no meu caso, a minha orientadora conhecia algumas pessoas a quem eu procurei, pedi para meus amigos que conheciam professores das universidades me passassem os contatos deles e etc. Mandei vários emails para os professores falando sobre o meu projeto de pesquisa, dizendo que precisaria vir para os EUA para ver de fato como as coisas funcionam aqui para aplicá-las no Brasil, e que eu gostaria de assistir aulas aqui para ter contato com uma cultura diferente e uma forma diferente de abordar e expor os assuntos do meu interesse. Caso eles digam ok, você vai ter que reunir uma série de documentações pessoais e enviar à instituição de ensino, que, ao final do processo, vai te fornecer um formulário DS-2019 ou I-20. Esse é o documento mais importante para toda a sua viagem. Ele diz que a instituição te aceitou e que você virá para cá pelo motivo de estudo, e não nenhum outro. Depois de feito o contato com a instituição e tendo o formulário em mãos, você vai ter que agendar a sua entrevista para o visto. Antes de agendar o visto é bom, como já foi aceito na instituição, procurar um local para morar. Você pode procurar isso por meio de ajuda da própria instituição, falando com os funcionários ou futuros colegas sobre locais bons e baratos para morar. Você pode também consultar sites como a Craig list, que ajuda estudantes do mundo inteiro com uma série de assuntos, entre eles, local para morar.
#2 - Visto
Seja para estudar o ensino médio, a faculdade, o doutorado ou qualquer outra coisa fora, você vai precisar de um visto. No caso dos EUA, isso pode ser complicado, e eu recomendo a qualquer pessoa que esteja planejando vir para cá começar a cuidar dos documentos e procedimentos com, no mínimo, uns 6 meses de antecedência.
A espera para conseguir agendar uma entrevista de visto varia de uma semana (caso você tenha bastante sorte e alguém tenha desistido de última hora da entrevista - então você pega o lugar dessa pessoa) a um ou dois meses. Por isso a necessidade da antecedência. Planeje-se, não deixe nada para a última hora. Você agenda a sua entrevista aqui. Para que a sua entrevista de visto dê certo, você precisa ter um passaporte, o formulário DS-2019 ou I-20, os comprovantes de pagamento das taxas necessárias (taxa de solicitação de visto, que deve ser algo como 180 ou 140 dólares, taxa SEVIS, de 140 -180 dólares, e taxa de agendamento de visto pelo site, de 38 reais), documentos que comprovem que você terá uma bolsa para seus estudos ou que você tem dinheiro o suficiente para pagar por eles (extrato poupança, extrato conta corrente, IPVA e IPTU, holerith tanto seu quanto de seus pais ou pessoas que te ajudam, declaração de imposto de renda das pessoas com quem você mora e que te ajudam financeiramente) e documentos que comprovem que você tem o que é necessário para estudar fora (bom histórico escolar, exame de proficiência, diplomas e certificados, etc). Ah, é necessário também levar uma foto sua, 5X5 ou 5X7. Lista de documentos necessários para o dia da entrevista e informações sobre como tirar o visto aqui.
É bom também que você tenha já um endereço, mas, caso ainda não tenha, coloque provisoriamente o endereço da universidade nos formulários e leve documentos para a entrevista que comprovem que você está negociando aluguel de um apartamento ou dormitório onde ficará.
Tenha certeza de que providenciou todos os documentos necessários. No meu caso, esqueci de pagar uma das taxas, a de 140 dólares que você deve pagar no Citibank. Muita gente esquece, tanto é que sempre tem muita gente na porta do consulado oferecendo para ir até o banco pagar por você, enquanto você fica na fila, e é claro que isso tem um custo. Então, confira várias vezes uma semana antes da sua entrevista se fez tudo o que tinha que fazer, para que não tenha gastos desnecessários. Na maior parte das vezes, os cônsuls nem pedem para verificar todas essas documentações. No meu caso, a consulesa me perguntou qual era a minha cor favorita (em inglês) e o que eu mais gostava de comer, só para ter certeza de que eu falava mesmo o idioma. Olhou os meus formulários e não me pediu nenhum documento adicional, e me deu o ok para o visto. Depois disso, o seu passaporte é enviado para a sua casa por correio, o que pode demorar mais uns 15 dias úteis.
#3 - Bagagens e preparativos
Neste estágio, você já tem os documentos necessários, já tem o visto, e vai comprar a passagem, caso ainda não tenha comprado. Procure em vários sites, como o Decolar, o SkyScanner, Submarino Viagens e todos esses, mas também considere as agências particulares, como a STB ou agências de viagens diversas. Eu fiz tudo com a Macris Viagens, que é uma agência de uma conhecida minha, e que me ajudou muito. O bom da agência é que você tem alguém que já conhece como tudo funciona para te ajudar, e você se preocupa menos. A agência pode te ajudar com o seguro saúde também, que é muito importante. MUITO IMPORTANTE. A imigração vai querer ver o seu seguro saúde quando você entrar no país. Não deixe de fazer o seguro saúde.
Quando estiver se preparando para o dia da mudança, verifique várias vezes o endereço, como você faz para chegar do aeroporto mais próximo até ele, se tem transporte público ou se terá que contratar um taxi.
NÃO LEVE MUITA COISA NA MALA! Eu e meu namorado cometemos esse grave erro: trouxemos 5 malas cheias e pesadíssimas, e foi um parto carregá-las pelas ruas, no táxi, pelo aeroporto. Traga somente o necessário, pois você vai querer comprar coisas no local pra onde você vai. Nos EUA as roupas são baratas, se você não estiver com a grana contadinha, traga pouca roupa, só para você conseguir se estabelecer, e compre o resto aqui.
#4 - Imigração
No dia da viagem, leve todas as documentações que levou para tirar o visto em um local fácil e acessível. Não coloque a sua pasta com documentos importantes no fundo da mala. Coloque na sua mochila, bolsa, ou bagagem de mão, pois quando chegar ao outro país vai precisar mostrar quais são as suas intenções lá.
No meu caso foi tranquilo, a moça me perguntou se eu já tinha onde ficar, eu disse que sim. Pediu para eu colocar as digitais na maquininha e pronto!
#5 - Mudança
Caso esteja indo morar em um dormitório, não vai precisar comprar muita coisa. No meu caso, vim para um apartamento mobiliado, mas tive que comprar coisas como edredon, lençol, toalhas, etc. Compre isso aqui, não traga do Brasil. Aqui nos EUA você pode comprar tudo por um preço razoável em grandes mercados como o WalMart, ou você pode ir no que eles chamam de thrift shop, e comprar tudo por preço de banana. Já pensou em comprar uma sanduicheira, por exemplo, por 5 dólares? Aqui é possível. Os thrift shops vendem coisas usadas em bom a médio estado, e, usualmente, arrecadam dinheiro para instituições de caridade. Uma boa escolha para estudantes, que, no geral, querem economizar a grana que tem para viajar, por exemplo, então você pode economizar nos utensílios da casa.
Então, resumindo, para estudar no exterior a palavra de ordem é PLANEJAMENTO. Eu falhei em alguns momentos, como quando esqueci de pagar uma das taxas e tive que fazer isso em cima da hora e quando fui planejar as bagagens, mas, entre mortos e feridos, todos sobreviveram, e já estou estudando e pesquisando como queria.
Faça listas. Faça um cronograma. Pesquise na internet. E o mais importante, algo que o orientador de meu namorado nos disse: Não olhe para trás. Você vai cometer erros, vai se arrepender de escolhas que você fez, mas isso faz parte do processo de crescimento que é estudar fora. Você vai gastar dinheiro desnecessário e vai passar horas no mercado tentando entender a lógica da organização das prateleiras e por que você não consegue encontrar o que precisa. E o pior de tudo: vai sentir MUITA FALTA das pessoas que deixou para trás. Mas sabe, no final das contas, você vai adorar. Quando menos esperar, o tempo vai ter passado, e você vai voltar com uma bagagem maior do que a que trouxe. Não só no que tange às compras que fez, mas também em crescimento pessoal e experiências super legais que vai viver. ;D
Links úteis:
CAPES - Doutorado Sanduíche;
CNPq - Doutorado Sanduíche;
FAPESP - Bolsa estágio de pesquisa no exterior.
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