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terça-feira, 30 de agosto de 2011

Resenha | O Homem do Futuro

Saudações! Sou um viajante do tempo que acaba de chegar do futuro — mais precisamente do dia 2 de setembro de 2011. Era uma sexta-feira como outra qualquer, eu soube que estava estreando uma comédia de ficção cientifica chamada O Homem do Futuro nos cinemas, não tinha nada pra fazer e resolvi assistir. 

Não sei o que houve naquela sessão de cinema, quando eu entrei era 2 de setembro, quando saí era 30 de agosto! Inexplicavelmente voltei 3 dias no tempo. Agora vou ter que esperar o meu "eu" desse tempo entrar na sala de cinema sexta-feira e se perder no passado assim como eu. 

Mas calma, você tem que ficar absolutamente calmo e confiar em mim que eu vou contar o que eu achei do filme neste texto, vou dizer se o filme se é bom ou não. Vamos lá?

Zero é um cientista brasileiro  meio lunático e perturbado, vivido por ninguém menos que Cap. Nascimento Wagner Moura. Ele é um gênio que está prestes a criar uma fonte de energia ilimitada através de um acelerador de partículas que ele mesmo construiu. A ponto de ser demitido, o cientista resolve utilizar o equipamento por conta própria e acidentalmente volta 20 anos no passado (PQP, 1991 foi há 20 anos atrás?). Até aí tudo bem, mas a confusão toda acontece quando Zero decide aproveitar para mudar algumas coisas no seu passado, principalmente a humilhação que sofreu na festa da faculdade por seu grande amor, Helena (Alinne Moraes). 

Depois de assistir tantos filmes sobre viagem no tempo, percebo que estarei perdido se um dia eu, de fato, retornar muitos anos no passado. Como todos nós sabemos, para convencer alguém que somos mesmo do futuro, temos que acertar o resultado de um  jogo — de futebol, basquete, vôlei, até UFC tá valendo, não importa — que  esteja passando NAQUELE EXATO MOMENTO! É incrível a capacidade dos viajantes do tempo de lembrar dos jogos de anos atrás. Eu particularmente não lembro nem quem ganhou a última copa do mundo de futebol. Esse filme utiliza alguns desses clichês de uma forma bem engraçada e divertida, algo que funciona mais como uma referência ou homenagem ao gênero do que apenas "só mais um clichê de viagem no tempo".
Zero (Wagner Moura) e Helena (Alinne Moraes) jovens
Como já era de se esperar, o ator Wagner Moura incorpora os papéis de forma incrível, como só ele sabe fazer. Sim, papéis, no plural, pois há 3 versões diferentes de seu personagem! E não é apenas o figurino que muda, dá pra ver claramente a diferença de maturidade e de personalidade entre as diferentes versões de Zero e Wagner soube trabalhar muito bem isso. O Zero mais jovem convence demais ter uns 20 anos, mais do que todos os outros personagens "rejuvenescidos". A Alinne Moraes já tem vinte e poucos anos na vida real mesmo, então é só meter um franjinha que tá de boa. A atriz também cumpre bem o seu papel como Helena, par romântico de Zero, apesar de não brilhar tanto como Moura.

Os efeitos especiais presentes no filme e a construção das cenas em que o mesmo ator interpreta vários personagens estão excelentes. Você não percebe artificialidade nenhuma. Quando o Zero jovem está conversando com o Zero mais velho, são duas pessoas conversado entre si e ponto final. Não é como se um deles olhasse para o vento, a interação e a sincronia são perfeitas. Sem contar que os produtores foram muito felizes na escolha da trilha sonora do filme. A música que mais marca é "Tempo Perdido" do Legião Urbana, onde os próprios atores cantam.
O filme também se mostra engraçado para a maioria das pessoas (sabe quando todos do cinema riem, menos você?), como a maioria dos filmes de comédia, claro. Mas o ápice é, sem dúvidas,  a dancinha de Zero em alguns momentos do filme. 

A trama vai se desenvolvendo e alguns personagens evoluem tão rápido que beira até o impossível. Lá pela metade do filme você começa a pensar: "nossa, isso aqui tá parecendo Efeito Borboleta", mas o sentimento não dura muito tempo. Como todo filme que envolve cientistas malucos, nesse também tem aquele alto índice de "complexidade" nas falas estilo "a rebimboca da parafuseta da capacitor de aceleração alpha da física quântica", só pra dizer que alguém soltou um peido. Mas nada tão exagerado.

A história até que não é tão previsível, pode surpreender até os mais familiarizados com o gênero de viagens no tempo. Não posso dizer como as coisas terminam pra não estragar a surpresa, o que posso dizer é que o final é ótimo, me agradou bastante e até me surpreendeu. 

O Homem do Futuro é mais uma prova de que o cinema brasileiro está ficando cada vez melhor e se desenvolvendo bastante. Não é o melhor filme do gênero, mas com certeza supera muita produção americana por aí. Comédia e viagem no tempo não é nada que seja original, mas o longa-metragem é digno e vai agradar a maioria das pessoas, desde os nerds mais exigentes até quem não curte muito o gênero sci-fi. A frase a seguir é bem clichê, mas você vai querer voltar no tempo só pra assistir esse filme pela primeira vez novamente. Nota: 8.0

O elenco conta com Wagner Moura, Alinne Moraes, Fernando Ceylão e Maria Luisa Mendonça

Escrito e dirigido por Claudio Torres (A Mulher Invisível, 2009), o filme estreia oficialmente dia 2 de setembro nos cinemas. 

Não é a primeira vez que uma produção brasileira fala sobre viagem no tempo, veja o exemplo do curta-metragem que já postamos aqui sobre o viajante do tempo tentando salvar a copa de 1950.


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